Ela roubou um pedaço de mim. Ou talvez nunca nem tenha sido meu. Quem sabe não chegou nem a sair da sua barriga. Ela pode ter desejado uma partezinha, já que logo não teria mais nada real pra se agarrar. Já a culpei pela escolha, já me culpei pela existência, já culpei Deus - se é que ele existe. Mas colocar a culpa em alguém adianta? Em algo? Foi a TPM, foi a doença, foi a pressão da sociedade. Ela não vai voltar, eu não vou me (re)construir, ou vou?
Talvez fosse um domingo cinzento e choroso, assim como eu. Ela pode não ter conseguido me calar, se olhar no espelho, ver a cama de casal vazia. Quase dá pra entender, se a mágoa não gritasse mais alto.
Durou 30 segundos? Cinco minutos? Horas? Foi planejado? No impulso? Teve dor? Só paz? Pouco importa, reconfortaria a alma? Duvido...
Cansei de choros escondidos, lamentações silenciosas, palavras que não saem. Queria saber lidar com o que já passou e com o que bate à minha porta. Mas no fim tudo se resume a essa partezinha podre que você quis deixar em mim. Pra latejar sem piedade, lentamente pra ninguém perceber.
O sentimento, a dor, a imaturidade ainda são os mesmos daquela garotinha de oito anos que começou a entender que a vida era mais do que bonecas. Era feita de mães, pais, avós que partiam.
Ela roubou um pedaço de mim, resta saber agora se sou capaz de viver sem ele ou não. Quem viveu 19 vive mais 50. Mas só viver não adianta, tenho que preencher esse buraco com muito mundo aí fora.
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