domingo, 23 de junho de 2013

Memórias engarrafadas

Hoje enquanto organizava minha carteira te encontrei. 
Você tá toda sorridente posando pra foto. Tão iluminada!
Na mesma hora mostrei pro meu pai dizendo ''Olha o que achei aqui! Nem lembrava que eu tinha, foi presente do vovô'' e ele respondeu ''Que legal, Má!'' lançando pro chão um olhar triste, bem triste.
Aí resolvi mudar de assunto e comentei sobre o tempo: como do nada esfriou e logo ficou calor de novo. Estranho, bem estranho.
Que papo mais idiota, eu sei, mas foi só pra ele esquecer... e parece que funcionou.
Já eu olhei a foto de novo e dessa vez bem incomodada. 
O que era estranho de verdade era não te ter.
Não mais.
Eu não pensava em você com tristeza há tanto tempo, que tinha me esquecido como dói tanto.
Mas eu não queria me aborrecer, então guardei a foto e fui pro quarto ler sobre política, pra não lembrar do seu rosto.
Tolice. Pensei em você por longos minutos, eu só fingia ler o livro. 
Então decidi ter pensamentos lindos, como seria se você tivesse aqui?
Acho que por uma meia hora eu sonhei sonhos preciosos, metalizei o presente perfeito pra mim.
Peguei a foto pra te ver de novo. Algumas lágrimas não me obedeceram e rolaram.
Eu me aborreci. Afinal, era só uma foto e fotos não são vivas.
Me odiei mais uma vez por sonhar tanto. Você não voltaria.
Não quero te ver em fotos tão cedo... fotos são memórias engarrafadas, lembranças cruéis que doem na gente. 
E em mim elas sangram.


Nenhum comentário:

Postar um comentário