Essa talvez seja só mais uma
banal história sobre uma menina que tanto ansiava pela vida adulta e quando
teve que crescer se amedrontou, quis se fechar em um casulo.
Crescer, ser dona do próprio
nariz, não ter mais aquele controle 24h dos pais, morar em uma grande cidade,
sair de casa. Ela sempre quis, desde pequena sonhou com esse dia, o dia em que
sua vida iria mudar como nunca tinha mudado ainda. Mas ela pensava que só teria
mudanças boas, ela não havia percebido ainda que a partida viria junto com a
saudade, o medo, a distância, a solidão, o deslocamento, o amadurecimento
forçado. Ela temia agora, a vontade de ir embora nunca fora tão pequena... mas
ela iria. Por conta própria, sabendo que isso fora o que ela mesma escolhera pra
si e que se orgulhava de ter conseguido pelo seu esforço.
Ela teria algumas manhãs de
saudade, umas tardes de solidão e outras noites de vontade de largar tudo pra
trás. Mas ela teria horas e horas de alegria, de felicidade, de realização
própria. E esse sofrimento era bom, significava que algo a prendia de uma forma
intensa, que algo a fazia percorrer quilômetros ansiosa pra passar alguns dias
com pessoas especiais. Mostrava que ela amava muito toda a vida que já teve um
dia e que não a deixaria nunca para trás.
Então talvez essa história não
seja como as outras, porque a menina por mais medrosa que fosse, não se fecharia
num casulo, tem muita vida lá fora, muita. E ela tinha sede da vida.

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