sábado, 11 de janeiro de 2014

Fechamos o corpo
como quem fecha um livro
por já sabê-lo de cor.

Fechando o corpo
como quem fecha um livro
em língua desconhecida
e desconhecido o corpo
desconhecemos tudo.

Leminski




BURACO NA BOCA DO ESTÔMAGO

BOCA COM FALTA DE BURACO

CORAÇÃO COM EXCESSO DELE

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2014

Quase 2014 já. 

Estava eu mergulhada no mar, numa tarde de dezembro qualquer. Só não foi qualquer tarde, porque eu estava sentindo uma paz estranha, que não sentia há tempos. 

Emergi e fiquei a boiar. Que céu azul, eu só via aquela cor por todos os cantos dos olhos.

Era silencioso, eu queria guardar aqueles minutos num pote, pra revivê-los sempre que desse vontade de estar só. 

Só em paz comigo mesma.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Se combate o cárcere com personagens

''A realidade por si só não é o suficiente para nenhum homem. Homem nenhum vive sem um ponto de vista estético, poético, ou algum desejo de abstração. Mais do que toda a vida no seu âmbito lógico, concreto e material, todo homem precisa imaginar. Afinal a utopia é como o horizonte: serve para que continuemos caminhando, sabemos que nunca o alcançaremos mas buscá-lo nos faz seguir em frente. Existir não é o suficiente, o homem precisa sonhar, senão lhe resta apenas o suicídio. Por isso sociedades mais desenvolvidas são lares de grandes artistas e não apenas grandes engenheiros''

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

"Mas será mesmo atroz o peso e bela a leveza?
O mais pesado dos fardos nos esmaga, verga-nos, comprime-nos contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o fardo do corpo masculino. O mais pesado dos fardos é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da realização vital mais intensa. Quanto mais pesado é o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais real e verdadeira ela é.
Em compensação, a ausência total de fardo leva o ser humano a se tornar mais leve do que o ar, leva-o a voar, a se distanciar da terra, do ser terrestre, a se tornar semi-real, e leva seus movimentos a ser tão livres como insignificantes.
O que escolher, então? O peso ou a leveza?"
A insustentável leveza do ser - Milan Kundera